8 de fev. de 2012

O intermediário (Parte 3)

 O garoto hesitou por um momento, aquilo não parecia certo, porém a experiência havia sido mágica, precisava daquilo, seu corpo e mente necessitavam de algo novo. Deu meia volta e pôs se a olhar os vinis novamente. Olhou para o lado e viu o homem com o mesmo vinil de capa preta nas mãos:

- Qual é este que você esta segurando? – perguntou o menino.
-Apenas um álbum qualquer, sem importância.
- Essa capa é legal, me lembra montanhas.
- Na verdade, a capa se trata da freqüência capturada por um medidor de pulso de uma estrela morta.
 O menino ergueu as sobrancelhas em tom de surpresa.
- E esse nome? Do que se trata? Joy Division... A divisão da alegria, o que será que o criador do nome quis dizer com isso?
- Joy Division era o nome dado pelos nazistas pela repartição que continha mulheres judias, eles iam lá e se divertiam.
- Eu gosto de histórias assim, acho que nada tem que ser feito superficialmente, se não tem um porque ou um pretexto, não é válido.

O homem olhou o garoto com seus olhos preto como a penumbra das noites mais escuras.

-Posso ouvi-lo? – Perguntou o menino fazendo um gesto para que o homem lhe entregasse o vinil.
O homem hesitou e parou por alguns segundos, seu rosto perdeu a expressão total e lentamente fez o trajeto entre sua mão e a do garoto. Apressado o menino pegou o álbum de sua mão e, pôs se de prontidão a caminho da cabine. O homem não sabia o que fazer, apenas o seguiu e sentou na frente do garoto com uma mesa a separar-los.
- Pensando bem, tem outros discos mais legais, vou pegar outro dos Beatles que acho que você vai gost... – era tarde de mais, o garoto já havia tirado o vinil do encarte e colocado na vitrola. No momento em que a agulha tocou na superfície preta fazendo seu primeiro barulho o coração do homem acelerou de uma forma que pensou estar tendo um ataque... o que já não era mais possível.

(...)

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